Relato: Jenifer Minetti, irmã e filha adotiva
- Diário de Adoção
- 25 de jan. de 2018
- 2 min de leitura
"Mais pessoas deveriam adotar, adoção é um ato de amor. Se mais pessoas adotarem, podem salvar mais vidas, assim como salvaram a minha e a do meu irmão. Todos têm direito de ter uma família."
O relato abaixo foi enviado por Jenifer. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo disponibilizado. Todas as fotos foram cedidas por Jenifer e autorizadas para uso.

Acervo Pessoal: Adriano, irmão de Jenifer. Jenifer e sua mãe, Dona Conceição
O irmão, Adriano
Minha mãe, Dona Conceição, tinha 25 anos quando adotou o meu irmão, Adriano. Ela conhecia a mãe biológica dele, que não o queria ter e foi tentando abortar, até que ele ficou com paralisia cerebral irreversível. Assim que ele nasceu, a mãe biológica o abandonou, minha mãe ficou sabendo e quis adotá-lo. O nome dele, antes da adoção, era André, mas após minha mãe conseguir adotá-lo, mudou para Adriano, em homenagem à mãe de leite dele, que se chamava Adriana.
Todos perguntaram para minha mãe se era isso mesmo que era queria, pois ela teria uma criança especial ao lado dela para o resto da vida. Uma criança que não poderia correr, brincar, nem dar netos para ela no futuro. Mesmo assim, ela quis ficar com o Adriano.
As dificuldades: Adriano
Daí por diante foi uma luta atrás de outra, diversas cirurgias e idas a APAE. Quando ele chegou, disseram que ele só viveria por mais 2 anos, porém Deus foi muito bom e ele ficou conosco por 22 anos. Minha mãe vivia pelo Adriano e ele é a paixão dela até hoje, anos após o falecimento dele.
Minha mãe nunca teve contato com a mãe biológica do Adriano. Ele entendia as coisas e, sempre que minha mãe perguntava se ele queria conhecer a mãe biológica, ele afirmava que a mãe dele era a Dona Conceição.
A adoção: Jenifer
O Adriano não foi sempre meu irmão, nem a Dona Conceição minha mãe. Minha mãe biológica faleceu quando eu era muito nova e nem meu pai, nem meu avô queriam ficar comigo. Eles me jogavam para tudo quanto é canto. Lembro que ele costumava bater de portão em portão me oferecendo, como se eu fosse mercadoria.
Até que, um dia, ele bateu no portão da Dona Conceição, que me adotou. O processo durou quase dois anos na justiça.
Antes da minha mãe me adotar, passei por várias casas, fui judiada, raspavam meus cabelos e tenho marcas de cigarro nas nádegas. Graças a Deus ela me adotou, porque só Deus sabe o que poderia ter acontecido comigo.
Atualmente
Eu sou bem resolvida, mas não digo que não tenho mágoa, pois eu tenho sim. Meus avós e tios biológicos moram na rua atrás da que eu moro, hoje em dia direto vejo eles na rua, mas não falo nada.
Na minha opinião, mais pessoas deveriam adotar, adoção é um ato de amor. Se mais pessoas adotarem, podem salvar mais vidas, assim como salvaram a minha e a do meu irmão. Todos têm direito de ter uma família. Você pode não gerar pelo útero, mas gera pelo coração.
Jenifer Minetti, para o Diário de Adoção.
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