Relato: Adriele Rocha, filha adotiva
- Diário de Adoção
- 17 de dez. de 2017
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2018
"Nesse tempo, tive minhas mães do meu lado em aniversários, formaturas, chá de panela e todos os eventos importantes da minha vida."
O relato abaixo foi enviado por Adriele Rocha, filha adotiva, via e-mail. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo enviado por ela. Todas as fotos foram cedidas do próprio Acervo Pessoal e foram autorizadas para a publicação.

Acervo Pessoal: Adriele, seus irmãos adotivos e sua avó. Adriele e seu pai adotivo. Adriele e suas mães
A história
Minha família adotiva era composta por meu pai, minha mãe e quatro irmãos todos mais velhos, quando minha mãe me adotou. Ela trabalhava em um comércio na região próxima ao hospital que nasci e ficou sabendo, durante o expediente, que eu seria deixada no hospital, pois minha mãe biológica não tinha condições de me criar. Na época, minha mãe biológica já tinha três filhos e, após meu nascimento, teve mais duas meninas, mas eu fui a única que ela colocou para a adoção.
A adoção
Minha mãe adotiva ficou comovida com a minha história e, no dia que eu receberia alta do hospital, uma amiga dela perguntou se ela não iria buscar a filha dela, no caso eu. Ela não pensou duas vezes e avisou meu pai que iria me levar pra casa.
Saiu do trabalho e quando chegou no hospital, viu que eu não tinha roupas, então saiu para comprar algumas e, na volta, encontrou minha mãe biológica saindo do hospital e perguntou a ela se queria alguma ajuda. Minha mãe biológica só pediu o dinheiro da passagem, que foi dado de bom grado pela minha mãe adotiva. Após pegar o dinheiro, foi embora.
A relação
Eu cresci sabendo que fui adotada e sem nenhuma distinção dos meus irmãos. Sou a caçula e tenho uma grande diferença de idade entre meus outros irmãos: o que tem a idade mais próxima da minha, é treze anos mais velho, então eu sempre fui cuidada e criada por todos eles.
Quando completei quatro anos, devido a alguns acontecimentos, minha mãe ficou sabendo aonde minha mãe biológica se encontrava e marcaram um encontro na casa de uma conhecida em comum, pois a casa da minha mãe biológica era muito pobre.
Uma família não tradicional
Conheci minha mãe biológica aos quatro anos e a partir daí eu passei a chamá-la de mãe, como a chamo até hoje. Conforme fui crescendo, minha mãe sempre me levava para visitar a mãe biológica, conheci meus irmãos, tias e primos biológicos. Ela me contou o lado dela da história, que me colocou para adoção como um ato de desespero, mas que não se arrependeu, pois vê que nunca me faltou amor.
Aos nove anos, perdi meu pai biológico, que nunca cheguei a conhecer e, aos quinze, perdi meu pai adotivo. Mas hoje, embora não tenha mais meus pais, ainda tenho minhas duas mães, duas famílias, nove irmãos e onze sobrinhos. Nesse tempo, tive minhas mães do meu lado em aniversários, formaturas, chá de panela e todos os eventos importantes da minha vida. Me sinto muito sortuda e amada.
Adriele Rocha, para o Diário de Adoção.
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