Relato: Cíntia Antoneli, mãe adotiva
- Diário de Adoção
- 17 de dez. de 2017
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2018
"Percebi que eu precisava amar e ser amada, independentemente se fosse bebê ou não... Por isso, mudei meu cadastro de 0 para 5 anos e passei a aceitar crianças com irmãos."

O relato abaixo foi enviado por Cíntia Antoneli, após contato via Facebook. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo enviado por ela. Nenhuma foto foi enviada junto com o conteúdo, para preservar a privacidade.
O antes
Casei em 2004 com o meu marido e, logo em 2006, descobri alguns miomas no útero, o que me motivou a tentar engravidar. Passado um ano sem sucesso, começamos a fazer alguns exames para investigar o que estava acontecendo. Foi quando descobrimos que eu tinha as duas trompas obstruídas e quase não ovulava, já meu marido, tinha poucos espermatozoides perfeitos.
O desejo de ser mãe
Quando namorávamos, já existia o desejo de adotarmos uma criança, mesmo sem sabermos que não poderíamos ter filhos biológicos. Fui a muitos médicos e todos disseram a mesma coisa: eu até conseguiria engravidar, porém somente através de fertilização in vitro. Como o tratamento era caro, não quisemos ir atrás.
Depois de um tempo, resolvemos entrar na fila de adoção, com o perfil de criança de 0 a 5 meses, pois eu sonhava em ter um bebê e amamentar. Entretanto, passamos anos na fila e, quando já fazia quatro anos de espera, resolvemos fazer a primeira tentativa de fertilização in vitro.
Não obtivemos sucesso em nenhuma das várias vezes que tentamos. O médico, inclusive, sugeriu que fizéssemos com óvulos doados, porém novamente o alto custo fez com o que desistíssemos da ideia.
A adoção
Foi nessa época que fui chamada ao fórum para fazer o recadastramento, isso já com mais de cinco anos de espera. Percebi que eu precisava amar e ser amada, independentemente se fosse bebê ou não. Por isso, mudei meu cadastro de 0 para 5 anos e passei a aceitar crianças com irmãos. Depois de oito meses na fila, recebi o tão sonhado telefonema: um casal de irmãos, a menina com 3 anos e o menino com 4.
Nem precisei pensar, no dia seguinte fui até um abrigo a quase 300 km de distância da minha cidade e senti o coração bater fora do peito. Eu me apaixonei no mesmo instante, meu filho me abraçou tão forte que eu não queria nunca mais largar esse abraço. Cheirei o pescocinho dele, aquele cheirinho de que tinha acabado de tomar banho para nos receber e, depois veio o abraço da minha filha. Tive a mesma sensação, de um amor que pulsava de uma forma que é impossível descrever.
O processo e a adaptação
Nossa adaptação foi muito rápida, apenas de dez dias. Fomos em duas visitas apenas e após dez dias vieram passar o final de semana comigo e com o meu marido. Na segunda feira, na hora de devolvê-los ao abrigo, veio aquela dor no peito, uma sensação enorme de perda. Fomos ao fórum antes de entregá-los, para uma conversa com a assistente social e com o psicólogo e as crianças nos observaram por horas.
Durante a conversa, a assistente perguntou aos meus filhos se eles queriam morar aonde eles estavam, ou comigo e com o meu marido. Rapidamente, as crianças responderam que queriam morar com "o papai e a mamãe". Então, a assistente nos falou que iria entrar com o pedido de guarda e iríamos voltar com eles para casa. Algumas horas depois, já estávamos voltando com ele para casa, com guarda provisória.
Atualmente
Isso durou de setembro de 2015 até junho de 2016, quando saiu a destituição do poder familiar e, no mês seguinte a adoção definitiva. Finalmente meus filhos eram meus de verdade. E, para completar minha família, três meses depois, em outubro de 2016, descobri que eu tinha um milagre em meu ventre: eu estava grávida. Em maio de 2017 nasceu a minha caçula... Hoje sou completa e feliz com meus três pedacinhos de céu.
Cíntia Antoneli, para o Diário de Adoção
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