Relato: Josiane Cristina, filha adotiva
- Diário de Adoção
- 14 de dez. de 2017
- 2 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2018
"Ela viu que não daria pra ficar comigo e me levou pra um abrigo, aonde um casal da capital me adotou...".
O relato abaixo foi enviado por Josiane Cristina, filha adotiva, após contato via Facebook. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo enviado por ela. Todas as fotos foram cedidas do próprio Acervo Pessoal e foram autorizadas para a publicação.

Acervo Pessoal: Pai adotivo. Josiane e sua avó adotiva. Mãe adotiva e filho de Josiane.
O antes
Antes do meu nascimento, minha mãe já tinha outros dois filhos, sendo eu a terceira criança. Quando ela descobriu a gravidez, meu avô não aceitou a vinda do terceiro neto e a colocou para fora de casa. Após sair de casa, minha mãe foi morar com o meu pai biológico, mas por diversas razões, essa situação não deu certo e ela voltou a ficar na rua, mesmo durante a gestação. Foi no dia 19 de dezembro de 1980, na cidade de Matão, interior de São Paulo, que vim ao mundo.
Depois que eu nasci, ela tentou voltar para casa dos pais, porém meu avô continuou sem aceitar, então acabou ficando na casa de uma vizinha durante o dia e, a noite, quando o marido da vizinha chegava, ela voltava para a rua. Minha mãe chegou ao ponto de esperar que um bar fechasse, para que pudesse me colocar em cima de uma mesa de sinuca e assim dormíssemos juntas em um ambiente fechado.
Vendo que a situação não era a recomendada para um bebê, ela me entregou para meu pai biológico, na época casado com uma outra mulher, mãe de duas outras moças. Entretanto, minha mãe não gostava da atual do meu pai e então resolveu me tirar de lá e assim voltamos as duas para a rua.
Foi quando eu completei três meses que ela viu que não tinha condições de ficar comigo. Me levou para um abrigo, local aonde permaneci até 1 ano e 5 meses.
E o depois
Fui adotada por um casal de São Paulo, após ser visitada por eles. Cresci tendo consciência que era filha adotiva, pois meu pai, toda noite, me contava histórias para dormir sobre uma menininha que não vivia com sua mamãe. Ele dizia que, por não ter condições de cuidar da filhinha, a mamãe da historinha tinha entregado a filha pra um outro casal, que a pegou para criar.
Com aproximadamente três anos, meu pai contou, ao final da história, que a menininha era eu. Foi assim que fiquei sabendo que era filha adotiva.
A curiosidade
Eu sempre tive curiosidade do motivo que levou minha mãe a me abandonar e, depois de 27 anos, procurei minha família biológica e conheci todos: minha mãe, meu pai e meus irmãos. Minha mãe biológica me esclareceu tudo o que houve e me pediu perdão.
A relação
Hoje faz três anos que minha mãe biológica faleceu, e sete que o meu pai adotivo também se foi. Mas sou muito grata a ambos, uma por ter me dado a vida, e ao outro por ter me criado com amor e carinho.
Josiane Cristina, para o Diário de Adoção.
Comentários