Relato: Karla G., filha adotiva

"Eu fui amada e educada, amo a família que fui enviada. Adoção não é caridade, adoção é amor..."

O relato abaixo foi enviado por Karla G., filha adotiva, via e-mail. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo enviado por ela. Nenhuma foto foi enviada junto com o conteúdo, para preservar a privacidade.

A adoção

Fui adotada com 3 dias, assim que saí da maternidade já fui direto para minha casa adotiva. Naquela época, mais de 30 anos atrás, a adoção era mais fácil, porém na situação da minha mãe adotiva foi difícil.

Quando fui adotada, minha mãe do coração tinha 46 anos e era solteira. Naquela época, ser mãe solteira era considerada uma vergonha, parece que não, mas há 30 anos era "feio" ter um filho e não ter um marido. Cheguei a ter matrícula recusada em uma escola, exatamente por minha mãe ser solteira. Ela poderia ter explicado a situação, mas preferiu não se incomodar, virou as costas e encontrou uma outra escola que me aceitasse.

A relação

Eu sempre soube que era adotada. Desde pequena, minha mãe me ensinava a rezar pela mãe do coração e a mãe da barriga. Até que, com o tempo, eu parei de rezar pela mãe da barriga. Sou filha do coração, sou sobrinha, prima e neta do coração e de verdade.

Odeio ouvir que "tal criança não é filho de verdade", eu fico muito brava porque somos de verdade sim. Eu nunca senti diferença na minha família, fui bem aceita, muito amada. Alguns anos depois adotamos minha irmã, também do coração, e formamos uma linda família.

Eu falo com orgulho da minha adoção, eu amo minha mãe e tenho pânico de pensar que um dia posso perdê-la. Eu fui amada e educada, amo a família que fui enviada.

Adoção não é caridade, adoção é amor. Amor da mãe biológica, que sabia que ia me criar sem conforto e, principalmente, amor da mãe do coração que me deu conforto, estudo e uma família completa de amor!

Karla G., para o Diário de Adoção

#filhoadotivo