Relato: Luciana de Macedo, mãe adotiva
- Diário de Adoção
- 19 de jan. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 25 de jan. de 2018
"Não vimos nenhum impedimento para adotá-lo. Como achar impedimento quando se encontra um filho? "
O relato abaixo foi enviado por Luciana de Macedo, mãe adotiva, via e-mail. O texto foi modificado para compreensão, porém segue fiel ao conteúdo enviado por ela. Todas as fotos foram cedidas do próprio Acervo Pessoal e foram autorizadas para a publicação.

Acervo Pessoal: Fotos de Fábio, filho de Luciana. Na foto com o Papai Noel, Fábio mostra o papel de guarda definitiva para o bom velhinho.
A história
Meu marido e eu já estávamos juntos há 22 anos e já tínhamos uma filha, que estava com 19 anos, na época da adoção. Luana, nossa filha, já é formada em Design de Moda e, na época, já estava noiva e muito bem encaminhada. Nosso plano era terminar nossa missão com o casamento da Luana e irmos viajar bastante, curtir nossa vida a dois, uma vez que a tivemos muito jovens e deixamos nossa adolescência para dar o melhor para ela. Até que em novembro de 2014 fomos convidados por um casal de amigos para fazer um trabalho voluntário na Casa de Acolhimento de nossa cidade - Caçapava, interior de São Paulo. Resolvemos ir, porque gostamos muito de novos desafios, principalmente quando é para fazer o bem ao próximo.
A adoção
Chegando à porta da Casa nos encontramos com um grupo de umas dez pessoas que também participariam do voluntariado. Assim que abriu o portão e adentramos, veio um menino correndo, de olhos fixos no meu marido e disse exatamente isso: "você que veio me buscar, né?" Nesse exato momento, a mesma sensação que tive no parto da Luana, quase vinte nos atrás, voltou ao meu coração com a mesma intensidade.
Meu coração acelerou e senti que ele iria sair pela boca! Foi um sentimento louco que não sei explicar em palavras, mas tive a certeza que tinha encontrado nosso filho. Sem saber nem o nome dele, nem mesmo a idade (tivemos a impressão de que tinha uns 9 anos), meu marido o pegou no colo.
Conversamos com uma das educadoras da Casa e ela nos forneceu as informações que podia: Fábio tinha 11 anos, era um menino especial ainda sem diagnóstico, frequentava a APAE e tinha nascido com megacólon – intestino muito grande e com movimento reduzido – além de ter estrabismo grave. O Fábio havia sido separado dos irmãos, pois um casal adotou os dois menores e o deixou. Ele já morava no acolhimento há seis anos. Não vimos nenhum impedimento para adotá-lo. Como achar impedimento quando se encontra um filho?
O processo
Como era fim de semana só conseguimos conversar com a assistente social responsável na segunda-feira. Não estávamos no CNA e o que sabíamos sobre adoção era quase nada, por isso perguntamos sobre o apadrinhamento. Preenchemos a ficha e, logo no próximo sábado, ele pode sair com a gente. Na volta ao Acolhimento, sentimos muito ao deixá-lo, e decidimos em família - marido, eu e a Luana - que o queríamos em nossa vida para sempre. Então, logo na segunda-feira seguinte, retornamos para conversar com a assistente social e declaramos nosso desejo de adoção. Mesmo não estando no Cadastro Único, a juíza entendeu que a adoção dele seria muito difícil por um casal dentro da fila de adoção e resolveu aceitar nosso processo. Felicidade! Demos entrada em janeiro de 2015 e passamos por todas as entrevistas. Ainda no mesmo ano, em abril, saiu a guarda provisória, porém ele já vinha para casa aos finais de semana e todo domingo era horrível levá-lo de volta.
As mudanças
A partir da vinda do Fábio em definitivo, a vida dele e principalmente a nossa mudou muito. Com dois meses em casa parou de usar fraldas, aos seis meses parou com as lavagens intestinais, devido ao seu problema no cólon e também parou com os medicamentos psiquiátricos. Já em 2016, saiu da APAE e está no ensino regular desde então. Vitória total! Hoje faz psicóloga, terapia ocupacional, fonoaudióloga, reforço escolar e está para iniciar a natação. O melhor de tudo? Ele está deixando todos de queixo caído com toda a evolução! Menino mais doce, carinhoso e humano eu nunca vi. Agradecemos por ter encontrado esse filho, esse ser humano que nos ensina a ser melhor todos os dias!
Luciana de Macedo, para o Diário de Adoção.
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